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Tendências educacionais para 2025 – Parte 1

Foto do escritor: Profa. Dra. Marilena RosalenProfa. Dra. Marilena Rosalen

Atualizado: 15 de fev.

O relatório trienal da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), publicado recentemente, Trends Shaping Education – 2025, sugere como as tendências globais podem transformar a educação e como esta pode enfrentar os desafios e propiciar um futuro melhor. No presente artigo, aproximo o primeiro destaque elencado pelo relatório e a realidade educacional brasileira. Os outros destaques serão tema do próximo artigo – PARTE 2.


O primeiro destaque é o conflito global e a necessidade de cooperação em todos os níveis. As tensões globais têm se ampliado nos âmbitos políticos, econômicos e geográficos implicando em crises socioambientais, energéticas e migratórias, dentre outras. Podemos apontar que essa realidade, principalmente as questões sobre mudanças climáticas e migração, carece de políticas educacionais inclusivas, que possam criar paz, cooperação, colaboração e resiliência.


Nos últimos dias de janeiro, a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) anunciou que aproximadamente um milhão de crianças brasileiras tiveram os estudos interrompidos no ano de 2024 devido as mudanças climáticas, como enchentes e secas. Apesar disso, uma matéria da CNN Brasil, de 05/02/2025, aponta que 34% dos brasileiros desconhecem o que são mudanças climáticas. Então cabe perguntar: Onde podemos aprender a respeito? Nas mensagens de whatsapp, com algum influencer nas redes sociais ou algum chatbot? As instituições escolares possuem papel fundamental nessa tarefa.


Há vários anos, mantemos o Programa de Extensão Escolas Sustentáveis (PES) e o Observatório de Educação e Sustentabilidade (ObES) na Unifesp-Diadema, que têm rendido boas produções científicas. No 1. Semestre de 2023, a partir da observação de que havia baixa adesão das escolas da região ao tema e pouco conhecimento dos professores a este respeito, integramos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ao conteúdo da disciplina “Introdução aos Estudos em Educação”. Essa disciplina é oferecida no curso de Licenciatura em Ciências na Universidade Federal de São Paulo - Unifesp.


Os estudantes discutiram os ODS e elaboraram ensaios crítico-reflexivos como trabalho final, materiais esses que foram compilados no livro “Os ODS entre a Universidade e a Escola: ensaios crítico-reflexivos de professores em formação”. O projeto foi desenvolvido em equipe, com grupos orientados por monitores, estagiários do mestrado e membros do Grupo Movimentos Docentes - MD (mestrandos, mestres, pós-doutorando e professores da educação básica), que também foram coautores dos capítulos. A publicação foi opcional e gratuita para os estudantes, com custos cobertos pelo Grupo MD e a Editora V&V.


O lançamento do livro ocorreu durante o Seminário Didático-Pedagógico “Os ODS entre a Universidade e a Escola: como integrar os ODS com o currículo escolar?”, em 27 de abril de 2023, no campus Diadema. Estiveram presentes estudantes-autores, familiares, representantes de diretorias de ensino e professores de diversas regiões. A publicação é digital, de acesso e download gratuito em promoção da Ciência Aberta e Democratização do Acesso ao Conhecimento - doi.org/10.47247/MR/6063.030.7 . Essa experiência me rendeu o Prêmio Mulheres Cientistas da Unifesp – 30 anos, em 2024, na categoria ensino, destacando as parcerias e os meios de implementação dos ODS nas atividades desenvolvidas via MD, ObES e PES, que se materializaram na obra citada.


Ainda em 2024, quando ministrei a disciplina de Didática, parte do mesmo curso na Unifesp, os estudantes elaboraram planos de aula sobre o ODS n. 13 – “Ação contra a mudança global do clima”, integrado aos conteúdos de Ciências, Biologia, Física, Química e Matemática para a Educação Básica. Foi uma experiência que possibilitou aos estudantes refletirem sobre as mudanças climáticas e incorporarem seu estudo na Educação Básica, propiciando maior conhecimento sobre o tema e atitudes sustentáveis para seus estudantes e famílias. Alguns dos planos elaborados foram apresentados para professores da região de Diadema em um encontro na universidade e outros foram submetidos ao I COESUS - Colóquio de Educação e Sustentabilidade, Unifesp. Na pós-graduação, a respeito de mudanças climáticas, uma orientanda de mestrado realizará uma pesquisa em escolas das cinco regiões do Brasil para analisar diferentes aspectos da formação de professores de Ciências e suas práticas educativas relacionadas ao desenvolvimento sustentável e ao enfrentamento da emergência climática.


Como discípula de Jesus, Célestin Freinet e Paulo Freire, procuro fazer da minha fala a minha prática, valorizando o diálogo, o coletivo, a colaboração, a autonomia e a criticidade. Portanto, trago essas experiências como exemplos práticos de cooperação em todos os Coordenadora do Grupo de estudo e pesquisa Movimentos Docentes; Coordenadora do Observatório Educação e Sustentabilidade UNIFESP/Diadema na Unifesp - Universidade Federal de São Pauloníveis e que, cada uma em sua medida, contribuem no alcance das metas dos ODS. Também aproveito e deixo meu e-mail (marilena.rosalen@gmail.com) como espaço de diálogo e manifestação de interesse de parcerias.


Quanto ao segundo ponto do primeiro destaque do relatório – migração, dados oficiais de 2022 (MJSP), apontam que de 2017 a 2021, o Brasil recebeu 700.000 imigrantes venezuelanos e 325.763 permaneceram no país. Em relação à educação, 32% dos imigrantes tinham até 17 anos em 2021. Apesar do desconhecimento do sistema educacional brasileiro, tem-se verificado venezuelanos matriculados na Educação Básica, principalmente em Manaus e Boa Vista, onde existe a campanha com apoio de várias ONGs – “Fora da escola não pode”, divulgada nos abrigos humanitários para refugiados e migrantes. Em Piracicaba-SP, apesar da distância das fronteiras, também existem venezuelanos, haitianos, peruanos e outros imigrantes – aproximadamente 460 cadastrados em 2024, quando foi criado o Comitê Municipal de Atenção e Promoção aos Direitos Humanos de Imigrantes, Refugiados e Apátridas (Migra-Pira), com objetivos de contribuir para que o processo migratório seja digno, combater a xenofobia e criar políticas públicas de inclusão e inserção social, o que está alinhado com o destaque do relatório da OCDE. Resta saber os desdobramentos do comitê, se ainda existe, quais foram suas ações e se políticas públicas de inclusão escolar foram viabilizadas.


Sobre a cultura de paz, aqui deixo o gancho para a PARTE II desse texto. Pode-se apontar as câmaras de mediação e as funções de mediadores/mediadoras presentes em algumas escolas de educação básica e no ensino superior, com o objetivo de resolver conflitos de forma dialogada. Também, o ODS 16 – “Paz, justiça e instituições eficazes”, aborda o tema, tendo como objetivo “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável” desde o berçário de uma creche até a pós-graduação. Todavia, para que a cultura de paz se consolide, é fundamental que o aprendizado das habilidades socioemocionais seja incorporado desde cedo nos processos educativos. A educação emocional e social desempenha um papel crucial na prevenção de conflitos, no desenvolvimento da empatia e na construção de relações mais saudáveis e respeitosas. E que, certamente, contribuem em momentos de crises civilizatórias como as mencionadas no início do artigo.


Referências:


MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA (MJSP). Em cinco anos, Brasil recebeu mais de 700 mil imigrantes venezuelanos. 2022. https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/em-cinco-anos-brasil-recebeu-mais-de-700-mil-imigrantes-venezuelanos

OECD (2025), Trends Shaping Education 2025, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/ee6587fd-en.







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