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Guerra contra as Drogas:a escola pode ajudar?

Atualizado: 17 de abr.

A “Guerra contra as Drogas” começou nos Estados Unidos, em 1971, quando o presidente Richard Nixon declarou que as drogas eram o “inimigo número um” da América. Assim como em dezenas de outros momentos da história, os EUA foram pioneiros em uma luta, que se expandiu para todo o mundo e serviu como modelo de conduta e de método de combate. Vamos dialogar e refletir sobre isso para entender como, e se podemos ajudar nessa guerra.


Para contextualizar, nesse momento, os EUA viviam a era pós Woodstock, e começava uma época mais conservadora, ainda em meio a Guerra do Vietnã o país observada muitos jovens resistindo ao recrutamento militar, assim como a criação e crescimento de movimentos liberais e sociais no país, e ainda o aumento no uso de drogas recreativa. Frente a esse cenário o presidente do país determinou que a “Guerra contra as Drogas” era uma forma de criminalizar dois grupos específicos “a esquerda antiguerra” e a “população negra”.


Hoje sabemos que essa guerra já está perdida, ela foi elaborada e firmada em um combate não contra ao uso de drogas, e sim às pessoas que usam drogas. Já falamos aqui nesse jornal sobre o direito que todos tem à dignidade e a vida com qualidade, independente de suas ações diárias, portanto não vamos fomentar uma guerra para exterminar pessoas, simplesmente pelo que elas são, ou usam, já tivemos outros personagens na história para usarmos como exemplo negativo e que não queremos que se repita.


Isso não quer dizer que não podemos fomentar ações positivas de prevenção e redução de danos ,que melhorem a vida das pessoas em relação ao uso de álcool e outras drogas. Portanto, quero nessa oportunidade mostrar o tamanho do potencial que o ambiente escolar possui, e valorizar o papel do professor nesse processo.


Se fizemos um rápido recorte para o potencial que um adolescente tem de usar álcool e/ou droga pela primeira vez na vida nessa etapa da vida, há uma grande chance de ter o primeiro contato dentro do ambiente escolar, ou influenciado por algum amigo que conheceu na escola. Somado ao dado científico de que a pessoa que experimenta alguma bebida alcoólica antes dos 15 anos de idade, tem 6 vezes mais probabilidade de desenvolver um transtorno por consumo de álcool na idade adulta, do que jovens que começaram a beber apenas após os 21 anos, podemos declarar que a intervenção da escola no ensino fundamental e médio é essencial e tem grande potencial de impacto.

Segundo os relatos científicos o principal desafio para que as escolas aturem de forma eficiente na prevenção e redução de danos sobre o uso de álcool e drogas, é a formação eficaz dos professores e profissionais do ambiente escolar. Vamos conhecer algumas ações de sucesso ao longo do mundo sobre isso.


No Canadá, um estudo de Molly Downey e seus colegas, apresentou a percepção dos professores ao falar sobre o assunto em sala de aula, Enquanto 100% dos educadores achavam que os alunos deveriam receber informações honestas sobre os danos relacionados ao uso de substâncias, em muitas ocasiões os professores não se sentem confortáveis com o assunto, ou não se sentem preparados. Essa realidade pode ser extrapolada além do Canadá, para outros lugares no mundo, assim como no Brasil.

Na Europa foi criado o programa chamado Unplugged que elaborou material de qualidade sobre o tema, e foi distribuído pelo mundo. O Peru utilizou esse material em 28 escolas no país, em três regiões diferentes, com adolescentes de 10 a 14 anos, mostrando resultados positivos.


O programa europeu também foi usado de inspiração no Brasil para a criação do Programa #Tamojunto2.0. O programa consiste em 12 aulas ministradas por professores previamente capacitados, para estudantes do 8º ano do ensino fundamental, abordando temas como habilidades sociais, tomada de decisão e resistência à pressão dos pares. Alguns estudos de avaliação do programa apontam que embora tenha reduzido a iniciação ao consumo de álcool entre os adolescentes, o impacto foi menor na redução de episódios de consumo excessivo de álcool.


No Equador para as escolas lidarem com as ocorrências de uso de drogas dentro do ambiente escolar, forma estipuladas em lei as ações adequadas a serem tomadas, em 2013, o Ministério da Educação (MinEduc) do Equador emitiu o Acordo Ministerial 208-13 para essa finalidade.


Roberta Abágio, do Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Cagliari, na Itália, e seus colaboradores, apontam em um artigo científico que as dificuldades em trabalhar esse assunto se dá diretamente pela falta de pesquisa e formação sobre o tema nas universidades. Como já sabemos, as universidades possuem um papel fundamental no avanço e cuidado da população, afinal também já passamos da fase de associar as universidades e os pesquisadores à ações inúteis e preguiçosas, certo?


Países como Hungria, Itália, Polônia, Romênia e Espanha, não possuem esses grupos de pesquisa. Enquanto há quantidades insignificantes em países como a Áustria, República Checa, Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Noruega, Suíça e Suécia, e outros países demonstram quantidades pequenas como França de Inglaterra.


No Brasil é frequente ver dentro das escolas, estudantes que usam o, agora famoso, POD (cigarro eletrônico), em horário de aula, para o desespero dos professores, mas muitas vezes com a ciência dos seus pais e responsáveis.


Esses profissionais (os professores) apesar de preocupados e, muitas vezes, com vontade de combater o aumento no uso de drogas, se sentem fracassados nessa missão, por estarem imersos e pressionados pelas atividades, diários, provas para corrigir e conteúdos obrigatórios para passar referente à suas matérias. Aqui podemos somar o cansaço e desvalorização da profissão, mas estaríamos fugindo do assunto de uso excessivo de álcool e drogas? Será?


O contato dos adolescentes com álcool e drogas no Brasil, vai além nas ruas, becos, e lugares escondidos, muitas vezes é comum nas festas de família e encontros sociais, que por vezes recebem incentivo, para o contato com bebida alcoólica, por exemplo. O que nos faz pensar.... poderíamos gastar a verba, os panfletos e o marketing da “Guerra contra as drogas”, para o investimento em pesquisa, formação de professores de qualidade e nosso tempo e esforços conversando com nossos familiares, amigos e crianças sobre quais drogas existem, quais os efeitos, malefícios e como lidar com cada uma delas e com as pessoas que usam.


E sobre as pessoas, vamos acolher, respeitar e cuidar, em vez de exterminar ou segregar. E essa decisão não está nas mãos somente do presidente dos EUA, presidente do Brasil ou da ONU – está nas mãos de cada um / uma de nós!




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